Sendo a Páscoa a festa que comemora a Ressurreição de Jesus, está associada a práticas alimentares em que os ovos, as amêndoas, os cordeiros assim como os folares ocupam o primeiro lugar.
Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação.
![]() |
Folar da Estremadura (Domínio Público) |
Com uma forte carga religiosa, de matriz judaico-cristã, numa época de jejum e de reflexão, o folar como pão da Páscoa, prima pela simplicidade de apresentação e constituição.
Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.
![]() |
Imagem de Thomas B. por Pixabay |
Esta tradição de oferecer folares na Páscoa, estende-se também a familiares e a pessoas das quais se gosta.
Por tradição, o folar é também servido aos convidados do chamado Compasso Pascal, tradição cristã portuguesa que consiste na vista casa a casa de um pequeno grupo de paroquianos, com ou sem o seu pároco, acompanhados de um crucifixo que representa a presença de Jesus vivo.
O bolo folar pode conter ovos, que é um dos símbolos associados à Páscoa, já que simbolizam a vida e a fertilidade, incluídos nesta época festiva.
O folar tem particular relevância, havendo diferentes tipos, tão diferentes que o folar transmontano, por exemplo, só tem com o da Estremadura dois pontos em comum: o nome em si e a referência à Páscoa.
Preparação de Folar da Estremadura
O folar mais corrente em Portugal é um bolo de massa seca, doce e ligada. É feito com farinha de trigo, ovos, leite, azeite, banha ou pingue (gordura), açúcar, fermento, sendo condimentado com canela e erva-doce.
Resultando uma espécie de bolo fogaça, encimado, conforme o seu tamanho, por um ou vários ovos cozidos inteiros com casca, havendo em certos locais a tradição de os tingir com cores (simbolizando a vida e nascimento), sendo estes incrustados e visíveis sob as tiras de massa que o recobrem.
Por fim e antes de ir cozer ao forno, são pincelados com gema de ovo. Acrescente-se, contudo, que a tradição deste doce, o folar, qualquer que ele seja, assenta no ritual de dádiva, solidariedade e convívio, profundamente enraizados na sociedade portuguesa neste período do ano.
Enviar um comentário